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Empreendedorismo Feminino – por Kalyne Martins

A presença da mulher no mercado de trabalho sempre foi marcada por lutas de igualdade pelos seus direitos. A mulher não tinha espaço para desempenhar nenhuma função que não fosse à de constituir uma família. No período colonial o papel da mulher era apenas de mãe e esposa, sendo totalmente dependente de seu pai e depois de seu marido. Tão pouco tinham direito a voto.

Apenas no final do século XIX, as mulheres tiveram o direito de frequentar as escolas que preparavam moças para o magistério, foi quando surgiram as Escolas Normais no Brasil, essa era a única profissão admissível para as mulheres naquela época.

A entrada da mulher no mercado de trabalho se deu por necessidade de complementação da renda familiar. Com a Revolução Industrial houve o ingresso da mão-de-obra feminina no ambiente fabril. Naquela época já se observava os menores salários para as mulheres como forma de baratear os custos de produção, o que viabilizou maior quantidade destas na classe operária.

Com o advento da Segunda Grande Guerra houve a necessidade de envio dos homens aos campos de batalhas, desta forma as mulheres foram colocadas para trabalhar usando as mesmas máquinas e com a mesma exigência que eram feitas aos homens.

No Brasil, surgiram alguns fatores que influenciaram as mulheres brasileiras a se emanciparem. Um novo modo de se vestir, uma forma de comportamento mais libertador lançado pelo Movimento Feminista norte-americano e o Liberalismo Francês, modificando o modelo vigente no Brasil, afetado pela Guerra e mostrando o frágil modelo patriarcal brasileiro.

Apesar deste novo contexto, conforme assinalou Léa Calil em seu livro “O Direito do Trabalho da Mulher”, a mulher ainda era vista como objeto sexual dos homens, não havia oportunidade nenhuma de ocupar cargos de destaque, eram hostilizadas e sofriam preconceitos. Existiam muitas desigualdades, principalmente ao se tratar da remuneração e comparação aos homens, sempre vista com um olhar de inferioridade, além de sofrerem diversos abusos e assédio sexual, não existia nenhuma proteção sobre o seu trabalho.

Segundo a autora, a desigualdade vai além da diferença entre os sexos e inclui relações de complementaridade e interdependência social além de uma dimensão política. A cada dia que passa as mulheres estão cada vez conquistando mais espaço e ganhando força no mundo corporativo. Essa participação crescente nos possibilita vislumbrar um futuro que ambos gêneros venham atuar no empreendedorismo em situação de equilíbrio.

Com o crescimento econômico e o surgimento de novos produtos eletrodomésticos e da pílula anticoncepcional a participação da mulher no mercado de trabalho brasileiro teve uma evolução significativa. Entre 1980 e meados de 1990, essa participação amplifica ainda mais com o processo de abertura econômica, expandindo a taxa de participação na força de trabalho feminina e a masculino sendo estabilizada, diminuindo assim a grande diferença entre os gêneros. Desta forma, as mesmas conseguiram conciliar a vida profissional com as tarefas domésticas. Algumas mulheres em busca de um passatempo começaram a cuidar de alguns negócios familiares como butiques, lojas de louças etc.

As estatísticas mostram que as mulheres empreendedoras apostam mais no setor de serviços seguido do setor de comércio. Elas enfrentam barreiras sociais e econômicas, fazendo com que o caminho para o sucesso seja ainda mais desafiador. Segundo dados do SEBRAE, nos últimos anos, o número de mulheres que começaram a empreender cresceu muito, tanto no Brasil como em outros países. Atualmente, cerca de 30% de todos os negócios privados do mundo são operados ou têm como idealizador uma mulher. Esse dado seria ainda mais promissor não fosse o investimento desigual por parte de instituições financeiras, menos de 10% das empresas recebem investimentos externos (SEBRAE, 2016).

Segundo pesquisas norte-americanas outro desafio é o desencorajamento no ambiente de trabalho é refletido em dados: 43% das mulheres veem o medo do fracasso como o principal empecilho para não abrir a própria empresa. O mesmo estudo demonstrou que as mulheres eram mais contratadas pelas empresas que não pediam fotos nos currículos ou não sabiam o sexo da pessoa que estavam analisando. Essa discriminação torna mais difícil para as mulheres encontrar um ambiente propício para o desenvolvimento de suas habilidades.

A responsabilidade por afazeres também afeta a inserção das mulheres no mercado de trabalho. As mulheres dedicavam 18,1 horas semanais aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos – cerca de 73% a mais de horas do que os homens. Regionalmente, a maior desigualdade está no Nordeste, onde as mulheres dedicaram 19,0 horas semanais àquelas atividades, ou 80% de horas a mais do que os homens.

Mulheres que necessitam conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos, aceitam ocupações com carga horária reduzida. A proporção de ocupados trabalhando por tempo parcial (até 30 horas semanais) mostra um percentual mais elevado de mulheres (28,2%), quando comparado com os homens (14,1%). Em relação aos rendimentos médios do trabalho, as mulheres seguem recebendo, em média, cerca de ¾ do que os homens recebem.

Observa-se que até os dias atuais essas desigualdades são evidentes e que estes índices ainda são pequenos, levando em consideração que a população feminina é maior que a masculina no Brasil. Mas essa realidade vem mudando ano após ano, um fator determinante para esse crescimento é o fato das mulheres investirem mais em escolaridade, nesse quesito elas estão em vantagem. Algumas características femininas, que antes eram apontadas como fraquezas, tais como: a preocupação para com outro, sensibilidade, impulso em certas situações, vem se tornaram uma vantagem competitiva no mundo empresarial.

As mulheres se dão melhor em trabalho em equipe, são mais perseverantes, agem com mais constância, são mais flexíveis para aprender e são menos imediatistas que os homens. O autor aponta que muitas empresas escolhem mulheres para assumirem cargos de gerencia, conforme divulgado na revista “Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil”. Grandes partes dos cargos de gerencia estão sendo ocupados por mulheres.

O Brasil se tornou um dos países com maior número de mulheres empreendedoras do mundo em 2010, aproximadamente metade dos novos empreendimentos abertos no país foram iniciados por mulheres. Este avanço vem refletindo na estrutura familiar brasileira, elevando a renda familiar, assim muitas mulheres estão chefiando famílias e cada vez mais investindo na sua escolaridade.

As executivas sofrem mais exigências provenientes da vida profissional e pessoal, em relação aos homens que ocupam o mesmo cargo, sendo um grande desafio conciliá-las. Muitas trazem problemas emocionais e físicos impactando diretamente na sua qualidade de vida. Mas a confiança em si própria, o gosto pelo poder e pelo conhecimento fazem com que as mulheres resistam à pressão e consigam superar os obstáculos e desenvolver o seu trabalho.

Empresas que são criadas por mulheres, vêm aumentando e conseguindo uma sobrevivência maior do que a média de novos empreendimentos. Esse sucesso se atribui a forma de liderar das mulheres. Diversas situações familiares e empresarias e desempenham seu trabalho de maneira estável adotando o estilo de liderança democrático. As mulheres têm um estilo próprio de liderança. Possuem bom humor e agem com humildade, tratando com igualdade as pessoas dentro da organização, sorriem ao mesmo tempo em que corrigem, tratam com honestidade suas fraquezas, respeitando seus oponentes, tirando o melhor deles e são claras e objetivas quanto a suas metas.

Facilidade de conciliar várias atividades e um novo estilo de liderança. Obviamente, não podemos destacar o sucesso de uma empresa através de comparação de gêneros. No atual mundo dos negócios, as empresas buscam alternativas para se tornarem mais competitivas e transformarem o ambiente organizacional, em um espaço mais receptivo e democrático, sendo que apostar na gestão feminina se torna um caminho válidos.

Além do desempenho profissional em seu trabalho, as mulheres ainda são responsáveis pelo cuidado e educação de seus filhos. Quando terminada sua a jornada de trabalho, ao retornarem para seus lares, elas iniciam outra tarefa, a de educadora, mãe e dona de casa. As executivas são mais exigidas tanto na área profissional quanto a pessoal, mesmo desempenhando o mesmo cargo que o homem.

As mulheres investem no empreendedorismo pela mesma razão que o homem, ou seja, visando o sustento de si mesma, de suas famílias, o enriquecimento de vidas pela carreira e pela independência financeira.  A mulher empreendedora não busca somente um novo objetivo na vida. Abrindo negócios, busca livrar-se de situações incômodas, como por exemplo, as refugiadas feministas descritas como “mulheres que sentem discriminações ou restrições em uma empresa e preferem iniciar um negócio que possam dirigir independentemente dos outros empreendedoras por acaso (empreendedoras que criaram suas empresas derivadas de algum hobbie): empreendedoras forçadas (causadas por viuvez, divórcio, desemprego ou dificuldades financeiras); empreendedoras criadoras (independência e autonomia ou insatisfação com trabalho anterior).

A importância das mulheres como empreendedoras para a sociedade gira em torno da sua contribuição econômica, pois gera emprego para si e para outros, na importância de seu comportamento em administrar a dupla jornada como exemplo social e ainda o aumento da autonomia feminina, antigamente julgado improvável e desnecessário.

Contudo, os estudiosos de certo, os autores afirmam que não existe um modelo exclusivo de gestão, mas que existem características mais atribuídas às mulheres, como sensibilidade, criatividade e flexibilidade antes eram vistas como estereótipos de fragilidade se tornaram um diferencial competitivo, exigido por muitas empresas. Benefício este, a própria representatividade das mulheres, que por si só já é um grande avanço frente à histórica dominância dos homens em cargos diretivos.

REFERÊNCIAS:

CALIL, Léa Elisa S. O Direito do Trabalho da Mulher: a questão da desigualdade jurídica ante a desigualdade fática. Editora LTR. 1ª Ed.: São Paulo, 2007.

https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae

http://www.mulheresempreendedoraspi.com.br/site/empreendedorismo/empreendedorismo-feminino-por-kalyne-martins/

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